Segundo a igreja, serão mais de 20 mil pessoas na praça, na missa, às 6 horas. Vários grupos de tradição da Região, integrantes de etnias indígenas, além do grupo da dança de São Gonçalo, de Alagoas, vêm a Juazeiro do Norte todos os anos para participar da programação. Após a missa, acontecem apresentações na praça do Socorro. A celebração acontece de frente à Capela do Socorro, onde estão sepultados os restos mortais do Padre Cícero Romão Batista. Durante todo o dia, milhares de pessoas farão a visita ao túmulo, para deixar flores ao pé do altar e fazer a sua oração.
Sem o padrinho
Uma dessas reverências é especial e feita todos os anos por uma senhora que há exatos 80 anos participa, de forma ininterrupta, dessa celebração. Rosalva da Conceição Lima, dona Rosinha do Horto, aos 14 anos, viu o pequeno caixão sendo levado pela multidão, que chorava a perda do seu pastor e conselheiro. “O povo ficou desolado sem o padrinho”, lembra ela.
O escritor e jornalista Geraldo Menezes Barbosa compara aquela multidão como um mar que levava um barquinho. Ele tinha onze anos, quando Juazeiro perdeu o seu maior líder. Dona Rosinha do Horto, de 94 anos, relembra os momentos finais do sacerdote e o grande cortejo fúnebre que cercava o caixão no dia do seu sepultamento. “Eu estive nesse momento, e a perda do nosso padrinho foi um dia de grande tristeza para todos”, disse a romeira.
A longevidade não tira da fiel, a última das carpideiras de Juazeiro do Norte, a disposição de descer a ladeira velha da rua do Horto, para estar presente em mais uma celebração.
Para o pároco da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, Joaquim Cláudio, a morte do Padre Cícero é vista de uma forma diferenciada pelos próprios romeiros e a participação dos fiéis é sempre maior durante essa celebração. Tanto que uma pequena romaria se formou e os romeiros vêm a cidade prestar a sua homenagem ao sacerdote.
Para o pesquisador e professor Renato Dantas, têm sido realizadas ao longo dos anos várias ações no intuito de fazer com que a memória do Padre seja preservada, a exemplo de edições de livros relançados e obras inéditas, como ocorreu após o centenário, com o “Padre Cícero Romão Batista e os Fatos de Joaseiro”, em dois volumes.
Ele afirma que é importante que lugares também sejam preservados, e deve haver maior interesse dos órgãos públicos para a salvaguarda desses espaços. Um deles seria o caminho do Horto. Outro, ainda preservado, conforme o pesquisador, é o Santo Sepulcro, a dois quilômetros da estátua do Padre Cícero.
E vários edifícios em torno das cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Caririaçu, também contam momentos da passagem do Padre Cícero, e são laços de referência, conforme Renato Dantas.
O professor esteve compondo a equipe que realizou levantamento sobre a história de Juazeiro e do sacerdote para elaborar um relatório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “É um reconhecimento importante, já com todo esse trabalho inicial e que merece continuidade”, diz o pesquisador. Há poucos meses, técnicos do Iphan constataram a preservação de parte do muro de pedra que foi construído durante a Sedição de 1914.
Recepção
As celebrações em torno da data dos 80 anos de morte do Padre Cícero foram iniciadas no último dia 19 com a recepção da imagem de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Crato, e celebração na praça do Romeiro, de frente à Basílica, com acolhida dos romeiros, no local. Para o padre, independente do tempo, é notório o carinho especial do romeiro pelo religioso, especialmente no mês de julho, por conta da data do seu falecimento.
Conselheiro
O bispo dom Fernando ressalta o sofrimento vivenciado pelo sacerdote, principalmente nos momentos finais de sua vida. Também destacou os sábios conselhos dados pelo Padre, que morreu aos 90 anos, ao seu povo. “Comemoramos nesse dia o aniversário da passagem do Padre Cícero desse mundo para o céu. Por isso essa multidão de romeiros e romeiras, que todo dia 20, e particularmente no dia 20 de julho, se faz presente para reafirmar o compromisso de fidelidade a Jesus, seguindo o exemplo do sacerdote”, afirma.
E as homenagens ao Padre Cícero continuam pela cidade, com exposições nos museus e, de 24 a 31 de julho, no Cariri Garden Shopping.
Com informações do Diário do Nordeste
Missa Campal com chuva ou sol, uma multidão de fiéis.
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