Recebi um pedido de uma professora, Neilce,do interior do Rio de Janeiro.
O pedido era simples. Pedia que eu fizesse um pequeno texto para ler para os seus alunos. Eles haviam lido "A Ética do Rei Menino" e estavam trabalhando, principalmente, o Livro VIII que trata sobre a importância da amizade.
Rapidamente, aceitei. É um privilégio para um escritor saber que seus textos são lidos, refletidos, trabalhados, ainda mais por crianças.
Fiquei imaginando a cena daquela sala e de tantas outras salas em que professores instigam seus alunos a acreditar que terão dias em que precisarão viver a liberdade, os valores, as conquistas.
Ela disse que ficaria honrada se eu pudesse atender o pedido. Honrado fiquei eu, um pedido desses é um alimento para alma. Do professor. Do escritor.
A amizade é um perfume que nos alivia diante de odores indesejáveis de egoísmos e de arrogâncias. A amizade é uma ponte que nos transporta para espaços iluminados e nos retira do breu da insensibilidade. A amizade é um presente que o Criador entregou aos seus para que, na pureza das intenções, pudéssemos compreender um pouco do mistério de estarmos aqui.
Os amigos são amigos desinteressadamente. O interesse reside apenas no enlace, no aconchego, no caminhar de mãos dadas.
Aqueles alunos estão no início de uma jornada. Que será necessariamente penosa. Que trará dissabores. Que apresentará o sofrimento como condição essencial da própria existência. Mas que, ao mesmo tempo, abrirá os olhos para cenários encantados, para pessoas encantadas, para sentimentos que cantam a beleza da vida.
Vida que se alimenta de cotidianos, de encontros simples, de pedidos como esses que eu recebi.
No turbilhão de tantas notícias ruins, não nos afastemos dos problemas, mas, vez em quando, nos alimentemos do que permanece.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 25/11/2016
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