Essencial para a vida no planeta, esse recurso natural, ainda abundante, passa quase despercebido no dia-a-dia. O livro mostra porque a água está presente em quase todas as discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável no mundo
Abundante, ela ocupa quase 70% da superfície da Terra. No entanto, menos de 3% corresponde a água doce. E desse total, menos de 1 % constitui a reserva de água potável, presente no subsolo, nos rios e outros cursos de água.
A estimativa divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2009 dá conta de que aproximadamente 3 bilhões de pessoas no planeta sofrerão com a escassez de água em 2025. Em outras palavras, repensar o uso e preservar esse precioso líquido é uma questão de sobrevivência. Ou como se diz na abertura do livro: "Pensar sobre a água é refletir sobre poder, política, dinheiro, desperdício. E sobre responsabilidade: dos governos, das empresas e de cada um de nós".
Como cuidar da nossa água, em sua terceira edição, é repleto de informações para o leitor não especializado, seja adulto ou criança. Em dez capítulos - que podem ser lidos em qualquer ordem ou consultados de acordo com os temas expostos - o livro levanta questões e propõe soluções e pontos para reflexão sobre o assunto. A linguagem evita os termos técnicos que, quando aparecem, vêm acompanhados de explicações, facilitando a compreensão.
Berço de todas as civilizações, a água é repleta de simbologia e significados em diversas culturas. Segundo o historiador Mircea Eliade (1907-1986) a ideia das "águas primordiais" já aparecia na cosmogonia de várias populações paleolíticas. Os mitos presentes no imaginário de diferentes povos ¬ - dos sumérios e babilônios aos gregos, africanos e indígenas das Américas - são abordados no capítulo ‘mitos e símbolos’. A história prossegue mostrando o desenvolvimento das ‘civilizações fluviais’¬.
Para entender o comportamento e as múltiplas propriedades da água, as autoras colocam questões curiosas como o funcionamento de uma panela de pressão, a formação da neve, o formato da gota ou a capacidade autolimpante de rios e lagos.
O livro mostra como a água se distribui e se movimenta pela superfície da Terra, como é essencial para bichos, plantas e homens; os inúmeros usos dessa versátil substância: da hidratação básica do corpo humano à geração de usinas hidrelétricas, de meio de transporte em hidrovias ao uso estético e recreativo; a crise de abastecimento no mundo e as soluções apontadas por especialistas.
O Brasil ganha destaque pela abundância de recursos:
- a maior bacia hidrográfica do mundo, presente na Amazônia,
- uma das maiores áreas úmidas do planeta, como é considerado o Pantanal, e
- segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo, como é definido o Aqüífero Guarani.
Mas questões políticas e polêmicas, como a transposição do rio São Francisco, também são pontos de reflexão.
Poluição e desperdício, a importância do saneamento e do tratamento das águas, as doenças de transmissão hídrica, os cuidados básicos de higiene e limpeza, saúde, prazer e lazer, aparecem como itens desse verdadeiro manual sobre a água, que termina apresentando dez mandamentos do consumidor consciente. Confira:
1. Reutilize a água sempre que possível.
2. Programe a máquina de lavar de acordo com a situação real das roupas: só as muito sujas requerem dois enxágues. Procure também lavar todas as peças de uma única vez, na capacidade máxima da máquina.
3. No verão, evite regar as plantas entre 9 e 17 horas, quando o processo de evaporação é mais intenso. No inverno, regue em dias alternados.
4. Restos de produtos tóxicos como tinta, polidores de metal e móvel, naftalina e óleo, não devem ser descartados na pia, no ralo ou no solo, pois contaminam os lençóis freáticos.
5. Além de reciclar os materiais, repense o uso daquilo que é essencial na hora de comprar.
6. Prefira produtos de limpeza que não degradem o meio ambiente. Água e sabão são suficientes para limpar a maioria dos ambientes e objetos da casa.
7. Procure não levar animais de estimação à praia porque eles transmitem doenças por meio da água ou da areia.
8. Verifique se o hidrômetro (relógio de água) de sua casa tem vazamentos.
9. Para quem mora em edifício, vale propor o sistema para que cada condômino pague pelo seu consumo, ao invés da divisão igualitária entre todos. Isso estimula os muito gastadores a diminuir seu consumo.
10. Evite comprar alimentos embalados em plástico ou isopor (que demandam grande gasto de água). E prefira transportá-los em sacolas próprias de lona ou pano.
Por: Ivany Turíbio
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