O Ano da Misericórdia
A Igreja Católica foi convocada pelo papa Francisco para
celebrar um Jubileu Extraordinário pela conclusão, há 50 anos,
do Concílio Vaticano II. Caracteriza essa celebração jubilar um
renovado empenho em vivenciar e proclamar para o mundo
a misericórdia de Deus. Dai ser este ano o "Ano da Misericórdia".
O Ano da Misericórdia teve seu início no dia 8 de dezembro e
sua conclusão se dará no dia 20 de novembro de 2016,
Solenidade de Cristo Rei.
celebrar um Jubileu Extraordinário pela conclusão, há 50 anos,
do Concílio Vaticano II. Caracteriza essa celebração jubilar um
renovado empenho em vivenciar e proclamar para o mundo
a misericórdia de Deus. Dai ser este ano o "Ano da Misericórdia".
O Ano da Misericórdia teve seu início no dia 8 de dezembro e
sua conclusão se dará no dia 20 de novembro de 2016,
Solenidade de Cristo Rei.
Há católicos receosos de que o anúncio da misericórdia, a ser
proclamada e vivida, no Ano Santo, ressoe como uma acomodação
da Igreja ao espírito do mundo. Ao acentuar a misericórdia,
o papa Francisco estaria esquecendo a justiça que pune.
É provável que haja pessoas que pensem assim: "Ah! Deus é misericordioso.
Ele fecha os olhos para os pecados do pobre ser humano. Com esse
Papa tudo é válido". Por trás dessa maneira de pensar, há certo entendimento
de que progresso significa liberdade sem limites. Há quem pense que
legalizar aborto é progresso, legitimar qualquer união como casamento
é progresso e pense que proteger a vida do nascituro desde seu início,
educar as crianças e os adolescentes para a virtude, ajudando-os a
compreenderem o sentido da sexualidade e a importância do matrimônio
e da família, é ser "conservador". Entenda-se: "conservador" se torna
sinônimo de atrasado, fora de época, "demodê". Já "progressista" se
torna sinônimo de ser aberto, atualizado, avançado, alguém em
concordância com as novidades do tempo presente. Em geral o
"progressismo" se torna uma veste "bonita" para muitas coisas
que são um verdadeiro retrocesso ético. Falam do direito ao
aborto e justificam-no também com o argumento de que muitas
mulheres morrem em consequência de abortos em clínicas clandestinas.
Esquecem-se de dizer que o número de fetos assassinados
impiedosamente - esquartejados - nas mesmas clínicas é
muitíssimo maior. Em matéria de casamento e de família o
progresso verdadeiro é aquele que o cristianismo trouxe e foi
solenemente afirmado pelo recente Sínodo presidido pelo
papa Francisco, sobre a família.
proclamada e vivida, no Ano Santo, ressoe como uma acomodação
da Igreja ao espírito do mundo. Ao acentuar a misericórdia,
o papa Francisco estaria esquecendo a justiça que pune.
É provável que haja pessoas que pensem assim: "Ah! Deus é misericordioso.
Ele fecha os olhos para os pecados do pobre ser humano. Com esse
Papa tudo é válido". Por trás dessa maneira de pensar, há certo entendimento
de que progresso significa liberdade sem limites. Há quem pense que
legalizar aborto é progresso, legitimar qualquer união como casamento
é progresso e pense que proteger a vida do nascituro desde seu início,
educar as crianças e os adolescentes para a virtude, ajudando-os a
compreenderem o sentido da sexualidade e a importância do matrimônio
e da família, é ser "conservador". Entenda-se: "conservador" se torna
sinônimo de atrasado, fora de época, "demodê". Já "progressista" se
torna sinônimo de ser aberto, atualizado, avançado, alguém em
concordância com as novidades do tempo presente. Em geral o
"progressismo" se torna uma veste "bonita" para muitas coisas
que são um verdadeiro retrocesso ético. Falam do direito ao
aborto e justificam-no também com o argumento de que muitas
mulheres morrem em consequência de abortos em clínicas clandestinas.
Esquecem-se de dizer que o número de fetos assassinados
impiedosamente - esquartejados - nas mesmas clínicas é
muitíssimo maior. Em matéria de casamento e de família o
progresso verdadeiro é aquele que o cristianismo trouxe e foi
solenemente afirmado pelo recente Sínodo presidido pelo
papa Francisco, sobre a família.
Mas afinal em que consiste a misericórdia? "Vendo que a
multidão de pessoas que O seguia estava cansada e abatida,
Jesus sentiu, no fundo do coração, uma intensa compaixão por
elas" (Bula MV. cf. Mt 9, 36). No coração de Cristo a dor do outro.
multidão de pessoas que O seguia estava cansada e abatida,
Jesus sentiu, no fundo do coração, uma intensa compaixão por
elas" (Bula MV. cf. Mt 9, 36). No coração de Cristo a dor do outro.
E, quando se trata do olhar de Deus para o pecador, o
olhar não é de acusação, mas de compaixão. Compaixão
como a de uma mãe que sente em seu coração a dor de
ver seu filho se destruindo no vício, na ilusão de ser feliz.
Cristo, na Cruz, é o rosto misericordioso do Pai voltado para nós.
Doi-lhe ver-nos perdidos em nosso orgulho, aprisionados em nossas
ilusões. Assim o papa, São João Paulo II, descreveu, ao comentar a
experiência de abandono de Cristo na cruz, essa compaixão de Deus
para conosco: "Precisamente pelo conhecimento e experiência que só
Ele tem de Deus, mesmo neste momento de obscuridade Jesus vê
claramente a gravidade do pecado e isso mesmo fá-lo sofrer. Só Ele,
que vê o Pai e por isso rejubila plenamente, avalia até ao fundo o que
significa resistir com o pecado ao seu amor. A paixão de Cristo - é
sofrimento atroz na alma, antes de o ser e bem mais intensamente que
no corpo." (NMI 26). Essa compaixão faz Jesus oferecer sua vida para
trazer-nos de volta ao coração do Pai. A misericórdia de Deus tem a força
de converter-nos. "Nas parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus revela
a natureza de Deus como a de um Pai que nunca se dá por vencido enquanto
não tiver dissolvido o pecado e superado a recusa com a compaixão e a
misericórdia".(Bula MV. cf Lc 15,1-31). Ele não veio para condenar, para
punir, veio para salvar. Oxalá, ao fazer a experiência da misericórdia de
Deus para conosco, aprendamos a olhar o mundo com o olhar da compaixão.
Que o pecado do mundo doa em nós, não porque nos ameaça, mas porque
priva o mundo - as pessoas da alegria de Deus. Então que nossos joelhos se
dobrem pedindo que a misericórdia do Pai converta os corações, os nossos e
os de nossos irmãos todos, e cure as feridas que desfiguram o rosto da humanidade.
Vivamos assim esse tempo de Advento no desejo orante de que chegue a todos,
neste Natal, o amor misericordioso do Pai.
olhar não é de acusação, mas de compaixão. Compaixão
como a de uma mãe que sente em seu coração a dor de
ver seu filho se destruindo no vício, na ilusão de ser feliz.
Cristo, na Cruz, é o rosto misericordioso do Pai voltado para nós.
Doi-lhe ver-nos perdidos em nosso orgulho, aprisionados em nossas
ilusões. Assim o papa, São João Paulo II, descreveu, ao comentar a
experiência de abandono de Cristo na cruz, essa compaixão de Deus
para conosco: "Precisamente pelo conhecimento e experiência que só
Ele tem de Deus, mesmo neste momento de obscuridade Jesus vê
claramente a gravidade do pecado e isso mesmo fá-lo sofrer. Só Ele,
que vê o Pai e por isso rejubila plenamente, avalia até ao fundo o que
significa resistir com o pecado ao seu amor. A paixão de Cristo - é
sofrimento atroz na alma, antes de o ser e bem mais intensamente que
no corpo." (NMI 26). Essa compaixão faz Jesus oferecer sua vida para
trazer-nos de volta ao coração do Pai. A misericórdia de Deus tem a força
de converter-nos. "Nas parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus revela
a natureza de Deus como a de um Pai que nunca se dá por vencido enquanto
não tiver dissolvido o pecado e superado a recusa com a compaixão e a
misericórdia".(Bula MV. cf Lc 15,1-31). Ele não veio para condenar, para
punir, veio para salvar. Oxalá, ao fazer a experiência da misericórdia de
Deus para conosco, aprendamos a olhar o mundo com o olhar da compaixão.
Que o pecado do mundo doa em nós, não porque nos ameaça, mas porque
priva o mundo - as pessoas da alegria de Deus. Então que nossos joelhos se
dobrem pedindo que a misericórdia do Pai converta os corações, os nossos e
os de nossos irmãos todos, e cure as feridas que desfiguram o rosto da humanidade.
Vivamos assim esse tempo de Advento no desejo orante de que chegue a todos,
neste Natal, o amor misericordioso do Pai.
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba
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