O Mundo em Suas Mãos

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Papa abre Porta Santa e dá início ao Jubileu da Misericórdia

O Ano da Misericórdia





A Igreja Católica foi convocada pelo papa Francisco para
celebrar um Jubileu Extraordinário pela conclusão, há 50 anos,
 do Concílio Vaticano II. Caracteriza essa celebração jubilar um
 renovado empenho em vivenciar e proclamar para o mundo
a misericórdia de Deus. Dai ser este ano o "Ano da Misericórdia".
 O Ano da Misericórdia teve seu início no dia 8 de dezembro e
 sua conclusão se dará no dia 20 de novembro de 2016,
Solenidade de Cristo Rei.
Há católicos receosos de que o anúncio da misericórdia, a ser
 proclamada e vivida, no Ano Santo, ressoe como uma acomodação
da Igreja ao espírito do mundo. Ao acentuar a misericórdia,
o papa Francisco estaria esquecendo a justiça que pune.
É provável que haja pessoas que pensem assim: "Ah! Deus é misericordioso.
Ele fecha os olhos para os pecados do pobre ser humano. Com esse
 Papa tudo é válido". Por trás dessa maneira de pensar, há certo entendimento
de que progresso significa liberdade sem limites. Há quem pense que
 legalizar aborto é progresso, legitimar qualquer união como casamento
é progresso e pense que proteger a vida do nascituro desde seu início,
educar as crianças e os adolescentes para a virtude, ajudando-os a
compreenderem o sentido da sexualidade e a importância do matrimônio
e da família, é ser "conservador". Entenda-se: "conservador" se torna
sinônimo de atrasado, fora de época, "demodê". Já "progressista" se
torna sinônimo de ser aberto, atualizado, avançado, alguém em
concordância com as novidades do tempo presente. Em geral o
"progressismo" se torna uma veste "bonita" para muitas coisas
que são um verdadeiro retrocesso ético. Falam do direito ao
aborto e justificam-no também com o argumento de que muitas
mulheres morrem em consequência de abortos em clínicas clandestinas.
 Esquecem-se de dizer que o número de fetos assassinados
 impiedosamente - esquartejados - nas mesmas clínicas é
 muitíssimo maior. Em matéria de casamento e de família o
 progresso verdadeiro é aquele que o cristianismo trouxe e foi
solenemente afirmado pelo recente Sínodo presidido pelo
papa Francisco, sobre a família.
Mas afinal em que consiste a misericórdia? "Vendo que a
 multidão de pessoas que O seguia estava cansada e abatida,
 Jesus sentiu, no fundo do coração, uma intensa compaixão por
 elas" (Bula MV. cf. Mt 9, 36). No coração de Cristo a dor do outro.
E, quando se trata do olhar de Deus para o pecador, o
olhar não é de acusação, mas de compaixão. Compaixão
como a de uma mãe que sente em seu coração a dor de
ver seu filho se destruindo no vício, na ilusão de ser feliz.
Cristo, na Cruz, é o rosto misericordioso do Pai voltado para nós.
Doi-lhe ver-nos perdidos em nosso orgulho, aprisionados em nossas
ilusões. Assim o papa, São João Paulo II, descreveu, ao comentar a
 experiência de abandono de Cristo na cruz, essa compaixão de Deus
para conosco: "Precisamente pelo conhecimento e experiência que só
 Ele tem de Deus, mesmo neste momento de obscuridade Jesus vê
claramente a gravidade do pecado e isso mesmo fá-lo sofrer. Só Ele,
que vê o Pai e por isso rejubila plenamente, avalia até ao fundo o que
significa resistir com o pecado ao seu amor. A paixão de Cristo - é
sofrimento atroz na alma, antes de o ser e bem mais intensamente que
 no corpo." (NMI 26). Essa compaixão faz Jesus oferecer sua vida para
trazer-nos de volta ao coração do Pai. A misericórdia de Deus tem a força
 de converter-nos. "Nas parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus revela
a natureza de Deus como a de um Pai que nunca se dá por vencido enquanto
 não tiver dissolvido o pecado e superado a recusa com a compaixão e a
 misericórdia".(Bula MV. cf Lc 15,1-31). Ele não veio para condenar, para
punir, veio para salvar. Oxalá, ao fazer a experiência da misericórdia de
Deus para conosco, aprendamos a olhar o mundo com o olhar da compaixão.
 Que o pecado do mundo doa em nós, não porque nos ameaça, mas porque
priva o mundo - as pessoas da alegria de Deus. Então que nossos joelhos se
dobrem pedindo que a misericórdia do Pai converta os corações, os nossos e
 os de nossos irmãos todos, e cure as feridas que desfiguram o rosto da humanidade.
 Vivamos assim esse tempo de Advento no desejo orante de que chegue a todos,
 neste Natal, o amor misericordioso do Pai.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba

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