O Mundo em Suas Mãos

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Misericórdia











O Papa Francisco nos convida a viver o Ano Santo da Misericórdia.
Por meio da Bula Papal Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia), Francisco fala da missão do cristão em ser misericordioso.
O que significa a misericórdia? A origem da palavra nos remete a, pelo menos, duas possibilidades que se complementam:
Miser  (pobre) e  cordis (coração), portanto, coração de pobre.
Miseratio (compaixão) e cordis (coração), coração compadecido.
O sentido de "coração de pobre" é ter a consciência de que todos nós somos pobres, necessitados, carentes de algo. Todos nós. Não há ninguém que viva sem carências. As carências são diferentes. Há carências materiais, afetivas, espirituais e outras. Carecemos do outro como essência da nossa existência. E careceremos sempre. Ninguém chegará ao patamar da satisfação absoluta.
Da mesma forma que, por mais que já tenhamos nos alimentado fisicamente todos os dias, precisaremos continuar a nos alimentar, isto é, careceremos de alimentos, assim também acontece nas relações humanas. Ninguém poderá dizer que já foi muito amado, e isso o alimentou de tal forma que nunca mais precisará de amor. Careceremos de amor para sempre. Essa é uma boa condenação. Estamos condenados a precisar de amor e de amar. Sem isso, nossos dias perderão o significado e fenecerão. Há várias formas de amar. O que não há é a possibilidade de viver dignamente sem amor.
A primeira reflexão de misericórdia refere-se, portanto, ao universo individual. A consciência de que essa boa limitação é para todos. Somos limitados às nossas necessidades. Pobres. Carentes. Necessários de alimentos físicos e afetivos.
A segunda reflexão, como consequência da primeira, refere-se ao coletivo. Se sou carente e o outro também é, é preciso que nos unamos em nossas carências e que fortaleçamos os nossos vínculos. Um coração compadecido é um coração que sofre com o sofrimento do outro, que enxerga o outro que, portanto, não lhe é indiferente. A indiferença é uma falha grave no tribunal dos afetos. Deixar de enxergar, de compreender, de acolher o outro é prova de ausência de humanidade. Vivemos tempos de cobranças, de julgamentos, de achincalhes. Criticamos quem nem conhecemos. Empenhamo-nos em exercer o triste ofício de carrascos de irmãos nossos. Sim, somos irmãos, independentemente de origens, crenças, religiões. Somos irmãos no sentido humano. Nascemos da mesma terra e nutrimo-nos das mesmas necessidades.
A abertura do Ano Santo da Misericórdia coincide com os cinquenta anos do encerramento do Concílio Vaticano II. O Papa do Concílio – hoje,  São João XXIII - declarou que: “em nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade...". Redescobrir o valor do perdão, dos ensinamentos da parábola do filho pródigo, do pai que acolhe o filho que errou e o encoraja a corrigir a rota e a seguir no caminho do bem. Redescobrir o valor do cuidar, a bela história do bom samaritano, que para, que enxerga o irmão ferido e que cuida dele.
Quantos ensinamentos há para serem incorporados no nosso dia a dia para vivermos a misericórdia! Palavras ganham significado quando são vividas. Eis a bela expressão da caridade que nos ensina São Paulo. Precisamos de uma fé com obras. Com obras de misericórdia, com obras de amor.
Algumas pessoas se diminuem quando imaginam que, em um mundo tão errático, fazer o bem não faz a diferença. O mundo é formado por muitos mundos. Cada ser humano é um mundo que convive com outros mundos. Antes de pensarmos no mundo inteiro, pensemos nos mundos com os quais os nossos mundos convivem. É assim, na simplicidade de um cuidar, que mundos se elevam e que a misericórdia se realiza.









Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo)



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