O Mundo em Suas Mãos

O Mundo em Suas Mãos
Divina Misericórdia, eu confio em Vós!

Pesquisar este blog

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Deus e a ciência



Certa vez, uma jovem estudante enviou uma questão para um dos mais famosos cientistas de todos os tempos, Albert Einstein. A pergunta era direta: "Cientistas rezam"? E ela explicava que se tratava de uma curiosidade que os instigava, ela e o grupo de estudantes do qual fazia parte. Queriam saber se é possível, ao mesmo tempo, acreditar na ciência e na religião.
Einstein respondeu, também diretamente, sem rodeios. Explicou que os cientistas acreditam que tudo o que ocorre no que nós conhecemos, incluindo os fatos da vida humana, deve-se às leis da natureza. Os nossos sentidos são capazes de apreender sobre esses fatos. Entretanto, admite Einstein, o nosso conhecimento dessas forças é imperfeito. Por mais que a ciência evolua, ou quanto mais ela assim o faz, os cientistas que se dedicam seriamente ao seu estudo acabam se convencendo de que um Espírito infinitamente superior se manifesta nas leis do universo. O trabalho científico, conclui ele na carta, leva a um tipo especial de sentimento religioso. Que nada tem de ingênuo.
“Quando abro a porta de uma nova descoberta já encontro Deus lá dentro.”
Com alguma frequência, vejo alguns intelectuais tentando demonstrar que a crença em Deus significa a ausência da real inteligência do homem. Que se trata de uma necessidade de criar Deus para justificar o injustificável e que, com todo o conhecimento disponível, com tudo o que a evolução foi capaz de nos trazer, torna-se desnecessária a existência de Deus.
O papa Francisco, recentemente, falou sobre a convivência entre as teorias científicas e a fé. Buscar explicações para a evolução do mundo não significa desacreditar em uma Força Superior capaz de originar e de gerar a vida. Até hoje, a ciência não conseguiu chegar às razões primeiras de todas as coisas. Há um aspecto a ser considerado entre os ativistas ateus. O tanto que eles falam sobre Deus tentando fazer com que as pessoas deixem de acreditar. Se para eles, Deus não existe, por que gastar tanto tempo com Ele, então? Se alguns ateus criticam os fundamentalistas religiosos – e talvez tenham razão em fazê-lo –, precisam refletir se não estão se tornando fundamentalistas do ateísmo. Os radicalismos, os desrespeitos às crenças diferentes nos separam desnecessariamente. É possível e necessário conviver com as diferenças e aprender com esses convívios.
Desde muito cedo, afeiçoei-me às ciências sociais. Sou um leitor compulsivo. Gosto de estudar os clássicos e de reler teorias sobre temas que me instigam. A fé é um deles. Por um lado, há um caminho interessante a ser percorrido pelos filósofos e teólogos que gastaram a vida para nos dar explicações sobre a nossa presença no mundo. De onde viemos? O que fazemos por aqui? E para onde vamos? Por outro lado, enche-nos de esperança olharmos a fé das outras pessoas. A fé nascida na simplicidade e na experiência com a Bondade Infinita que nos ouve as dores e nos surpreende com milagres cotidianos. A experiência do homem com a natureza, a observação da vida nas suas mais variadas formas, o belo se manifestando em amanheceres e entardeceres frios ou quentes. E o agir humano. A manifesta caridade em mulheres e homens que, alimentados de fé, alimentam os seus irmãos.
É fato que há pessoas que não frequentam nenhuma religião e que praticam a caridade. Mas é fato, também, que a inspiração do que vem de Deus independe das religiões. As religiões deveriam nos religar ao Sagrado. Deveriam nos ajudar na ressignificação do que somos. A nossa relação com Deus repercute na nossa relação com os irmãos nossos.
Quão linda a prática e a oração de Madre Tereza de Calcutá. A mulher que nos ensinou que "quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las". Ou Francisco de Assis que assim orou: “Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras”.
Os livros nos abrem horizontes, a ciência nos garante mais segurança, autonomia. Retira-nos véus de ignorância sobre os mais variados temas. E é bom saber que os estudos nos trazem novidades constantes. E, ratificando ou retificando verdades, a ciência vai evoluindo. 
Mas, voltando a Einstein, o nosso conhecimento é pequeno demais para compreender a grandeza do universo e de tudo o que existe além do que conhecemos. É preciso humildade para ser cientista e para se ter fé.
Acreditar em Deus não é desacreditar no homem, é – ao contrário – valorizá-lo como a inteligência criada pelo Artista para dar continuidade à obra, livremente, respeitando apenas os limites do amor, como nos ensina Agostinho de Hipona.
Ciência e religião podem, sim, conviver, caminhar em harmonia. Uma ou outra despertam, invariavelmente, em nós, a esperança. O prazer da descoberta. A importância da busca. Einstein, cientista e homem comum, fez das pesquisas e das descobertas a sua fé: “Quando abro a porta de uma nova descoberta já encontro Deus lá dentro.”
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 14/06/2015

goo.gl/sLdCwD

Nenhum comentário:

Postar um comentário