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domingo, 6 de setembro de 2015

Amanhã, é dia da Pátria



Amanhã, é dia 7 de setembro. Dia da pátria. Dia da independência. Dia da liberdade. E o que mais? E por que amanhã? A resposta rápida é porque, em 1822, Dom Pedro I proclamou nossa Independência. E isso merece comemoração. Mas insistamos um pouco mais: por que amanhã? Amanhã, eu começo a me esforçar para ser livre. Amanhã, eu vou parar de mentir. Amanhã, eu vou fazer o que já decidi: mudar de vida, mudar de humor, mudar de atitude, mudar qualquer coisa que hoje me incomoda. Mas o incômodo não é hoje? Por que esperar amanhã?
Que pátria queremos? A que abraça todos os seus filhos ou a que privilegia alguns? A que reduz as desigualdades ou a que deixa para amanhã a edificação de um país mais justo? A que combate todas as formas de discriminação ou a que não enxerga uma parte dos seus negligenciando ajuda aos que mais precisam? A pátria dos perversos ou dos cordiais? Amanhã, é o dia de uma boa lembrança de um dia importante de nossa história. Mas o hoje existe. E é no hoje que devemos fazer o que deve ser feito para que a "casa" onde nascemos seja a pátria que sonhamos.
Sonhamos quando? Ontem ou hoje? Quais foram os sonhos que embalaram os nossos dias de preparação para o hoje? O que aprendemos nas escolas em que frequentamos? Somos "um povo heroico" capaz de um "brado retumbante"?
Nos meus tempos de escola, quando ainda não havia decorado o Hino Nacional, criei uma forma de não confundir a primeira com a segunda parte. A confusão vinha depois de "O pátria amada, idolatrada, salve! salve"! Fiz a seguinte relação. Primeiramente, vem o sonho. "Brasil, um sonho intenso...". Depois vem o amor. "Brasil, de amor eterno...". Primeiro vem o sonho de uma gente que se prepara para assumir o comando. Depois vem o amor que é o sonho em ação. O amor pela pátria e por todas as pessoas que nela habitam. Conceitualmente, é isso. O amor é responsável, não é excludente, não tem preconceito, não desiste de ninguém. É livre. E nasce de algum sonho bom. E, sem sonho, é difícil que o amor venha. É o sonho que alimenta o amor. O amor pelo amado, amada ou por um tema. A pátria.
Amanhã, é o dia da pátria. Mas hoje também. Amanhã, é apenas uma comemoração. Hoje, é ação. É sonho que se faz amor quando não nos acomodamos à espera de um amanhã. O amanhã existe, e essa certeza nos é muito cara. Saber que o tempo prossegue. Que as paisagens mudam. Que as pessoas amadurecem. Mas, hoje, quero falar do hoje. A pátria que queremos depende dos que estão no comando dos poderes constituídos, mas depende, também, dos comandantes das próprias vidas. Vidas que se somam; afinal, estamos falando de pátria. Pátria é coletivo. É somatório de forças individuais em busca do bem comum. Isso é também a ética. E a ética não é obrigação apenas dos que têm alguma visibilidade. A ética é barro que nos molda no cotidiano de nossas construções. Vamos nos fazendo dia a dia. E nos refazendo quando necessário. É desse barro que nascem os políticos, os magistrados, os pensadores. Não caem de outro planeta. Nascem das gentes. Da nossa gente. É por isso que temos que nos educar. Hoje. Não apenas amanhã. É hoje o dia de optarmos pela verdade, pelo correto, pelo decente, pelo digno, pelo amoroso. É hoje que temos de decidir pela coerência. Cobrar do outro quando erra e esconder o nosso erro em algum canto é não compreender o canto coletivo do hino que diz: "E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da pátria nesse instante". O instante da liberdade é amanhã? Também. Mas é hoje. É hoje que, para sermos livres, temos de ser verdadeiros. A hipocrisia é uma praga que destrói as pátrias. A incoerência também. Cobremos a honestidade, temos esse direito. Sejamos honestos, temos esse dever. Hoje.
Diante de tantos pessimismos, não nos iludamos, não será fácil combater o erro e prosseguir. Não há ingenuidade em falar de sonho e de amor. Há esperança. Não do verbo “esperar”, mas esperançar. Esperar fica para amanhã. Esperançar é hoje. É agora. Quando temos forças para corrigir rotas e comandar a embarcação da qual todos nós fazemos parte. E temos o direito e o dever de sermos protagonistas. Cada qual em sua posição. Fazendo o que precisa ser feito todo dia. Das pequenas rotinas às grandes decisões. É assim que se constrói uma pátria - território e povo - espaço e valentia.
Sejamos valentes para que nosso brado retumbe de fato. Não pela altura da voz, pelo grito, mas pelo som contagiante de quem sonha e ama, de quem é justo, enfim. Comemoremos amanhã, façamos hoje e amanhã e depois de amanhã o que precisa ser feito para que a pátria seja nossa. Livremente nossa. De todos os que aqui têm o privilégio de viver. Conviver. Brasil!
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 06/09/2015

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