Senhor! Recebemos este mundo de presente. E, com ele, tantas possibilidades. Recebemos a inteligência. A capacidade de viver e conviver. Recebemos o poder. O poder de servir. O poder de fazer o bem. Eis a nossa vocação, fazer o bem. Há pessoas que correm de um lado a outro na tentativa de vencer. Lutam e até vencem. Mas, na batalha, usam pessoas como tábuas. Gente como atalho. E pisam. E agridem. E maltratam. E seguem adiante, na certeza de que estarão impunes. Não estarão. Não estão. Ninguém mata o outro impunemente. Ninguém mata os sentimentos, os sonhos dos outros, e segue sem rugas.
Nossa vocação é a felicidade. Mas ela tem mãe. A felicidade é filha do bem. Ninguém consegue fazer nascer a felicidade sem antes viver o bem. O precioso bem. E isso é ética. Esse código de conduta que visa ao bem. Essa arte da convivência que faz com que, no palco da vida, os papéis se respeitem e cada protagonista entenda que há outros protagonistas também, porque todos, todos são protagonistas. Não há papéis secundários. Ninguém é degrau de ninguém. E ninguém merece ser tratado com consideração menor. Nossa vocação é a felicidade. E, para isso, é preciso que não haja barreiras na relação com o outro. Cor, raça, etnia, credo, gênero. Detalhes de algo maior. O ser humano é muito maior do que isso. O ser humano foi criado à Tua imagem e semelhança. E isso significa que todas as pessoas, apesar das suas diferenças, são capazes de encontrar a felicidade. E de viver o amor. E, portanto, de estar perto de Ti.
Os talentos são presentes abundantes para que cada um encontre o melhor caminho de servir. Servir a uma grande causa. Servir à humanidade. E assim nasce a ética.
Queremos pedir, Senhor, que nosso umbigo não seja mais importante que a multidão. Queremos pedir, Senhor, que nosso egoísmo esteja de partida, para que um novo sentimento tome conta de nós. Que nossa arrogância dê lugar à ternura da simplicidade. E que todos, todos encontrem em nós um sinal de Teu amor.
Senhor, toca nossa alma e mostra-nos a beleza da ética. No momento da criação, Tu decidiste que, apesar de nossa inteligência, seria impossível alcançar solitários nosso pleno desenvolvimento. Nós precisamos um do outro. Ninguém sobrevive sem o outro, sem o grupo. Nascemos para a convivência. Nascemos para a ética. Mas, de repente, foram surgindo as comparações, as competições, e o que era naturalmente bom foi ficando estranho. E a destruição conheceu a natureza humana, que conheceu a destruição, e assim o mundo foi se distanciando da ética. E a convivência ficando cada vez mais tumultuada. Guerras. Algumas até em Teu nome. Conflitos. Preconceito. Discriminação. Corrupção. Humilhação.
Ora, o que aconteceu com a semente do bem? Ficou escondida em algum pântano? Ficou mergulhada oceano adentro, sem estímulo para vir à tona? Reside em algum rincão distante? Porque por certo ela existe. A semente existe e existirá sempre. Ela busca apenas terra fértil para virar planta, e virar flor, e virar fruto. E alimentar.
Senhor. Não permite que a humanidade passe fome de ética. Não permite que o mundo, com todos os sentimentos que nele habitam, seja destruído pela fome, pela fome de quem não permitiu que a semente que alimenta florescesse. E tenho a certeza, Senhor, de que nós erramos muito mais por ignorância do que por maldade. E é por isso que Te peço: derrama Tua luz para que possamos ver essa semente. Derrama Teu amor para que possamos senti-la e, assim sentindo-a, possamos permitir que exista. E, existindo, que o bem faça morada, e o mundo siga a vocação para a qual foi criado.
Somos tantos e tão diferentes. Somos bilhões e somos um. E esse sentimento de felicidade, que nasce do bem, nos une. E essa força, a quem, com ternura e carinho deram o nome de amor, é a razão de estarmos aqui. Viemos do amor. Voltaremos para o amor. Por que, então, não viver no dia-a-dia a intensidade desse amor? Basta experimentar, e o milagre acontece. E o mundo se agiganta. E a poesia toma forma. E um gosto de estrelas na boca nos mostrará que estamos no caminho certo. A manjedoura continua lá, à espera de novos reis e rainhas que sintam o sabor desse sabor. E tudo isso é o amor. E é por isso que eu Te amo, meu Senhor.
Amém!
Por Gabriel Chalita
Por Gabriel Chalita
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