O Mundo em Suas Mãos

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domingo, 5 de julho de 2015

O território sagrado da saudade

"Saudade, o meu remédio é cantar”.





Estava em um evento numa escola quando crianças, lindamente, apresentavam-se cantando "Que Nem Jiló", de Luiz Gonzaga: "Se a gente lembra só por lembrar/ O amor que a gente um dia perdeu/ Saudade inté que assim é bom/ Pro cabra se convencer/ Que é feliz sem saber/ Pois não sofreu". O coral tinha uma dança e foi envolvendo a plateia. Alunos e professores cantavam juntos. Bonito de se ver. Bonito de se viver. Foi quando uma professora me disse da saudade do amor que se foi. Eu ouvi, no meio do burburinho bom, sua história de despedida. "Por que as pessoas vão embora?”, disse sem talvez desejar uma resposta. "Por que não dá para voltar no tempo?”. Como outros professores falavam comigo, eu tentava dar atenção. E pensava no que dizer. Ela me deu um abraço forte e agradeceu por ouvir seu desabafo. Eu lhe disse que a saudade ocupava um território sagrado dentro de nós. Que o fato de não podermos voltar no tempo não significa que não possamos reviver, nas nossas lembranças, os tempos bons. E agradecer. 
Pessoas que amamos partem. Faz parte da vida. Partem por razões diversas. Partem involuntariamente, porque a eternidade chegou prematura. E a morte cobra a sua dor. Partem porque resolveram que ficar não era bom e quiseram experimentar outros enlaces. A angústia de ser trocado incomoda. Mas passa. O tempo ajuda a reorganizar os sentidos. O compositor diz mais ou menos isso em sua canção: "Porém se a gente vive a sonhar/ Com alguém que se deseja rever/ Saudade, entonce, aí é ruim/ Eu tiro isso por mim/ Que vivo doido a sofrer". Ela contou que seu amado partira por decisão e que, um dia, quis voltar, mas ela disse “não”. Mas não sabe se fez o certo. E completou: "Vou ficar com a canção do Gonzaga, "Saudade, o meu remédio é cantar". Sorriu e se foi. Boa dica.
Remoer o passado não nos ajuda muito. Amplia as dores que já vivemos. Por outro lado, lembrar o que foi bom e partir em busca de mais, "cantando", porque assim deve ser, já que a arte inspira a viver melhor, é um bom refrão. "Saudade, o meu remédio é cantar”.

Por: Gabriel Chalita

http://goo.gl/gjxJkL

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